terça-feira, 27 de novembro de 2012

O poder do amor

"When the power of love overcomes the love of power the world will know peace"

Happy Birthday Jimi Hendrix!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Umbigos




          O narcísico, como o autista e o psicótico – não fossem todos eles egocêntricos –, julgando ver o mundo, não vê senão a sua barriga. Para ele, o centro do mundo é o próprio umbigo; pelos outros não se interessa minimamente, não o preocupam nem o ocupam, é como se não existissem – a não ser na medida em que lhe possam ser úteis  (o seu investimento objectal é apenas funcional ou instrumental – o outro é usado como um instrumento, para realizar uma função de que não dispõe ou é débil). Centra-se em si mesmo, gravita à volta da sua nulidade, pensando – talvez – que com isso pode acender o pavio da sua humanidade extinta. Sim, porque a humanidade gera-se no interesse pelos outros humanos; de contrário, não existe: apaga-se ou não chega a nascer. 
        Mas quem disse “nascer”   “existir”? Responde-se: nasce-se no “útero mental” do objecto, no pensamento e no afecto de quem nos deseja, ama e sonha, de quem gosta e aposta em nós; vive-se, existe-se, se esse investimento em nós persiste.
        A tragédia da desordem mental, seja ela a doença com sintomas ou a perturbação da personalidade com traços patológicos, é esta: a falta ou a perda desse “ninho da alma”, dessa “Terra Prometida”.

António Coimbra de Matos (in reflexão “Princípio e Continuação”)

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Feliz à Chuva


Dentro e Fora


Fui muito feliz em alguns dias de chuva. É que quando faz sol cá dentro até podem cair pedras. O tempo de fora não conta quando é Verão dentro de nós. Quando o cinzento de fora espelha o cinzento de dentro é que se torna mais difícil não ir na onda. É um bocadinho como a crise. Quando a crise lá fora espelha as crises cá de dentro tudo parece ainda mais negro. Há muita gente aí aos berros e às pedradas. Cá para mim há muita gente aos berros e às pedradas mas nem sabem bem que crise é que as oprime. Se a de fora se a de dentro. Sem querer negar a realidade do tempo ou da economia quero poder ser feliz em dias de chuva e quero poder ser feliz em dias de crise. Era bom que para além de olhar pela janela olhássemos um pouco mais para dentro da nossa ‘casa’. Pode precisar de alguma arrumação, limpeza ou transformação. Ou aquecimento. Há muitas ‘casas’ demasiado geladas!


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Tecnologicamente Acompanhados



Ao mesmo tempo que todos reconhecemos as maravilhas da evolução tecnológica, sabemos também que nem sempre estes recursos são utilizados da melhor forma. Assim, surgiu há pouco tempo o termo “nomofobia”, uma palavra que resulta da contracção da expressão inglesa “no mobile phobia”. Refere-se ao medo de ficar impossibilitado de aceder ao telemóvel. Também se aplica ao medo de ficar desconectado das redes sociais (pelo menos até alguém inventar um qualquer nome específico também para isso). Com a proliferação dos smartphones, podemos dizer que uma coisa e a outra (telemóvel e redes sociais) estão cada vez mais relacionadas. Dizem os dados de um estudo efectuado em Fevereiro, no Reino Unido, que 66% dos inquiridos diz-se "muito angustiado" com a ideia de perder o seu telemóvel. A proporção chega a 76% nos jovens entre os 18-24 anos, segundo um outro estudo. Cerca de 40% dos indivíduos consultados afirmaram possuir mais de um aparelho.
Posto isto, que ninguém se assuste ou despreze a tecnologia com receio de “apanhar” uma fobia, visto que elas não se pegam nem se reproduzem. Esta “nova fobia” é apenas um nome para mais uma manifestação de ansiedade, manifestações, estas, que se transformam em função dos tempos e das realidades. Sempre houve medo, ansiedade e pânico, o que muda é o meio que nos envolve a forma como, consequentemente, manifestamos essas emoções.
Este receio de ficar desligado da tecnologia permite uma análise mais adequada e profunda, já que ele representa, sobretudo, a incapacidade de estar só. Como se, ao “desligar” o telemóvel ou o computador, corressemos o risco de, também nós, nos desligarmos dos outros e, os outros, de nós. Certo é que só dependemos de estar insistentemente ligados aos outros se precisarmos deles para não nos sentirmos sós e/ou quando não confiamos o suficiente nas relações e nos afectos que nos rodeiam, exigindo um contacto sistemático que afaste os nossos medos.
Quando sozinhos consigo próprios, muitos se sentem invadidos por um vazio insuportável. Ou, ainda, invadidos por pensamentos que, pelo menos ao falar com alguém, se vão dissipando com mais facilidade. Uma companhia é, sem dúvida, um forte distractor. E, aqui, entra a tecnologia: o telemóvel e as redes sociais vieram facilitar, indubitavelmente, a comunicação entre as pessoas. Deixou de ser preciso esperar muito para falar com alguém, as pessoas vivem à distância de uma chamada ou de um click. Permanece a questão mais importante de todas: Estamos a usar estas facilidades de comunicação e ligação de forma saudável, ou antes como um remédio fácil que mascara a incapacidade de estar só por um segundo que seja? 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Sometimes


Pedrinha (Das Crianças-Heróis)



Quanto heroísmo não é necessário para vencer e ultrapassar os monstros que povoam a imaginação infantil desde a mais precoce idade da razão! Quanto heroísmo para vencer as injustiças do meio familiar e social! Quanta coragem para que uma criança tenha de se insensibilizar a situações que ultrapassam o seu poder real! Quanta força interior é necessária para a criança se construir a si própria como pessoa, perante a indiferença e o abandono dos maiores!

João dos Santos