quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Personalidade Borderline


 
Embora ainda se use frequentemente a expressão “não é defeito, é feitio”, a verdade é que hoje sabemos que a personalidade não justifica tudo e, muitas vezes, estrutura-se mesmo com “defeito”. A personalidade também “adoece”. De facto, muitas das pessoas que conhecemos com comportamentos pouco adequados, são como são porque o seu processo de crescimento pessoal e social foi, de certa forma, boicotado (mesmo quando o indivíduo não dá por isso, conscientemente).
Dizemos que um indivíduo sofre de uma perturbação da personalidade quando se encontra um padrão estável (global e inflexível) de afectos e comportamentos que se afastam marcadamente do que seria esperado, originando sofrimento ou incapacidade para o próprio. São normalmente diagnosticadas na adolescência ou na idade adulta, pois só aí se considera que já existe uma identidade formada.
A patologia borderline (ou patologia limite da personalidade) é uma dessas perturbações de personalidade. O termo ainda não está suficientemente divulgado mas é um tipo de organização mental que tem vindo a aumentar, com maior incidência no sexo feminino. O número de pessoas com este tipo de perturbação que procuram ajuda em psicoterapia é cada vez maior, variando na gravidade dos sintomas mas apresentando como queixa principal a incapacidade de funcionar adequadamente no dia-a-dia e um sentimento de vazio interno.
Um indivíduo com uma organização de personalidade borderline apresenta transtornos em quase todas as áreas da sua vida, principalmente nas relações interpessoais (relações com outras pessoas). Descrevendo estas personalidades em traços largos, encontramos pouca profundidade nos sentimentos (dificuldade em ligar-se ao outro e em manter relações íntimas), bem como uma tendência à desconfiança e uma atitude social pouco agradável. Verificam-se, com elevada frequência, comportamentos de risco, consumos de drogas e álcool e, também, alterações no comportamento sexual. Há dificuldades no controle da vontade, no planeamento dos objectivos de vida e incapacidade para o trabalho (ou dificuldade em encontrar a profissão certa).
Assim, e resumidamente, os sintomas mais comuns são a incapacidade de sentir, a angústia e desamparo, falta de limites, desrespeito pelos outros, comportamento anti-social, depressão com sentimentos de solidão e vazio, intolerância à frustração, comportamentos automutilantes e pensamentos suicidas, incapacidade de sentir prazer, fobias, obsessões e compulsões, dissociações e surtos psicóticos breves.
Estas personalidades assentam em falhas muito precoces do desenvolvimento emocional. Implicam (e ao mesmo tempo expressam) um grande sofrimento e um grande vazio interior. Nem sempre as pessoas querem ser como são, simplesmente, não conseguem ser de outra maneira. Felizes os que reconhecem que algo está errado e pedem ajuda.

Sem comentários:

Enviar um comentário