terça-feira, 24 de maio de 2011

O toque (História de Harlow e os macaquinhos)


Somos seres relacionais. Como tal, o toque e o contacto físico são duas dimensões fundamentais para um desenvolvimento harmonioso.
Harry F. Harlow (1905-1981), psicólogo norte-americano, levou a cabo uma série de experiências com macacos Rhesus sobre a privação maternal e social. Nessas experiências, ficou demonstrada, entre outras coisas, a importância central do toque e do conforto no processo de desenvolvimento.
Foram criadas duas “mães” artificiais, uma feita unicamente com armação de arame e outra que, para além da estrutura em arame, estava envolvida num tecido felpudo e macio. Numa primeira fase, observando a escolha dos macacos, Harlow constatou que os macacos bebés preferiam claramente as “mães” mais macias. Mais, mesmo quando o alimento era fornecido apenas pela “mãe” de arame, mantinha-se a preferência pela “mãe” macia. Harlow concluiu que a variável contacto reconfortante suplementava a variável amamentação.
E, aparentemente, o que estava em causa ia ainda além da procura de conforto. Esse contacto acolhedor parecia ser essencial ao estabelecimento de uma relação que transmitisse segurança. Ou seja, durante outro bloco de experiências, na presença de um estímulo gerador de medo, os macaquinhos criados com a “mãe” macia agarravam-se a ela, em busca de protecção. Este comportamento nunca era observado junto das “mães” de arame (os macaquinhos criados com ela, privados do contacto e do conforto, não sentiam a mãe como “porto de abrigo”).
Foram estudadas não apenas as reacções momentâneas, mas também processo o desenvolvimento em ambos os grupos de macacos (criados pela mãe de arame vs. criados com a mãe felpuda). Neste sentido, perante uma situação com muitos estímulos novos (factores estranhos e desconhecidos dos pequenos macaquinhos) verificou-se que, na presença da “mãe” confortável, as reacções de medo dos macacos rapidamente davam lugar à exploração curiosa dos objectos (claro, com regressos periódicos à “mãe” para recuperar a segurança). Possuiam a segurança interna necessária para lhes ser possível explorar o mundo, um factor essencial para o desenvolvimento da autonomia (não só nos macacos!). Pelo contrário, na ausência de uma “mãe” confortável, os macaquinhos ficavam paralisados pelo medo e não exploravam o ambiente.
Por fim, naturalmente, Harlow observou ainda que os macacos com mães reais, demonstravam comportamentos evolutivos (sociais e sexuais) mais adiantados dos que os criados com mães substitutas de pano. Sim, nunca a pele poderá ser substituída pelo pano. E nos panos não se sente amor…!

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